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João Luiz Vieira

O ano que começa exige de você muita coragem, amor e perdão

João Luiz Vieira

04/01/2018 04h00

Divulgação

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza!". A frase foi criada por Guimarães Rosa (1908-1967) para seu livro seminal, "Grande Sertão: Veredas", publicado há 62 anos.

Ela pode muito bem servir de lanterna para quem acordou, novamente, agora, só que em outro ano, o de número 2018. Os 12 meses irmanados que se distanciaram não foram exatamente fáceis, especialmente porque muitos perderam mais do que era sonhado, de amores a oportunidades, de amizades a rendas fixas. 2017 foi um ano-escola, que nos ofereceu proposta de revisão ética, tanto na vida profissional quanto na intimidade e no comportamento com os colegas. Para os que precisam de asfalto para a estrada nova, algumas reflexões:

1. Passou as festas sozinho (a) (e)? Pode ter sido bom
2. Passou as festas sozinho (a) (e) e sentiu-se mal por isso? Pode ter sido bom
3. Está com expectativa de encontrar um novo amor ainda em janeiro? Pode não ser bom
4. Está com expectativa de encontrar um novo amor no carnaval, que seja, ou até o fim do ano? Pode não ser bom
5. Reviu-se como indivíduo? Teria sido bom
6. Não se reviu porque ficou sem tempo, trabalhou muito? Teria sido bom
7. Ficou sem tempo porque precisou procurar qualquer coisa que lhe garantisse alguma renda? Teria sido bom
8. Trabalhou a si mesmo? Creio que foi bom
9. Descobriu o que lhe serve e o que vai para lixo? Creio que foi bom
10. Descobriu quem você quer por perto e quem não? Creio que foi bom
11. Quis se reinventar e não deixaram? Repense suas companhias ou lideranças
12. Quis se reinventar e deixaram? Grude nessas companhias e lideranças
13. Integrou algo novo em relação à sua sexualidade? Depois do susto, pode ser lucrativo
14. Integrou algo novo em relação à sua sexualidade e não gostou?  Depois do susto, pode ser lucrativo
15. Integrou algo novo em relação à sua sexualidade, e amigos, pais e colegas de firmas não gostarão? O problema, se há, é deles, não seu
16. Integrou algo novo em relação à sua sexualidade, e amigos, pais e colegas de firmas gostarão? Se eles gostarem, ainda assim, é ponto de vista deles, não o seu
17. Percebeu que quer se manter sozinho em 2018? É uma escolha interessante
18. Percebeu que quer se manter sozinho em 2018, mas, eventualmente, transará com desconhecidos, apenas por uma noite? É uma escolha interessante
19. Percebeu que quer se manter sozinho em 2018 porque tem medo dos outros e não quer se relacionar com mais ninguém? Pode ser que precise de ajuda, de um amigo ou de especialista na área da sexualidade, ou não
20. Se vale como dica, diria para não ter tanta expectativa em relação a ninguém, nem a si mesmo. Queira menos, acolha mais. Você entenderá, de fato, o que precisa, assim como o outro, ou outra, se existir, assim o farão. Seja emocional, verbal ou fisicamente.

Termino com trecho de um diálogo do filme "Me Chame Pelo Seu Nome", de Luca Guadagnino (foto acima), que estreia em breve no Brasil: "Como você vive sua vida é da sua conta, mas se lembre: nossos corações e nossos corpos nos são dados uma única vez e, quando você menos esperar, seu coração estará desgastado, e seu corpo poucos ainda o desejarão, e muitos menos irão querer chegar perto dele". Ou seja, ame, no mínimo a você primeiro, sem pudor ou avareza. Se quer mudar sua vida em 2018, comece por isso: perdoe-se.

Sobre o autor

João Luiz Vieira, 47, é jornalista, roteirista, letrista e educador sexual, ou sexólogo, como preferir. Ele tem dois livros lançados como coordenador de texto: “Sexo com Todas as Letras” (e-galáxia, fora de catálogo) e “Kama Sutra Brasileiro” (Editora Planeta, 176 páginas). É sócio proprietário do site paupraqualquerobra.com.br e tem um canal no YouTube: sexo_sem_medo.

Sobre o blog

No blog dialogo sobre tudo o que nos interessa para sermos melhores humanos: amor e sexo. Vamos encurtar o caminho entre a dúvida e a certeza, e quanto mais sabermos sobre nós, teremos, evidentemente, mais recursos e controle a respeito do que fazer em situações inéditas ou arriscadas de nossa intimidade. Trocaremos todas as interrogações por travessões. Abra seu cabeça, seu coração e... deixa pra lá.

João Luiz Vieira